CONSTRUINDO NO DESERTO

por SUELI CAJERON
2012, ano de Olimpíadas, o maior acontecimento esportivo da humanidade, daquela vez na cidade de Londres. Uma festa de abertura gigantesca, organizada para mostrar a grandeza de quem recebe o evento. Uma impressionante reunião de recursos materiais, tecnológicos e humanos nos deixou deslumbrados. Como nosso país deveria sediar as Olimpíadas dali a quatro anos, comeei logo a pensar como seria nossa cerimônia, e de onde iriam sair os recursos para tal festa.
No livro de Êxodo lemos também a respeito de um grande empreendimento, que iria utilizar uma grande soma de recursos materiais, toda a tecnologia da época e aplicação de recursos humanos. E isso no meio do deserto! Moisés havia recebido de Deus uma tarefa enorme. Acreditamos que Moisés tenha recebido uma educação privilegiada, crescendo como filho da filha de Faraó, no meio da nobreza egípcia, e que tivesse familiaridade com grandes construções e com o trabalho artístico em metais, pedras, escrita. Nunca imaginei que ele tivesse tido dificuldade em entender as instruções de Deus para a construção do tabernáculo, em registrá-las detalhadamente. Mas executar tal tarefa no meio do deserto?
É aí que entra a mão de Deus. Além de dar o plano, Ele já havia provido os meios. A instrução para Moisés foi que “todos os que se dispuserem no coração, ofereceram, dentre seus bens: fios, ouro, prata, cobre, lã, couro…” Mas como é que um povo que sai fugido e se aventura no deserto tinha todos esses bens entesourados? Se lermos o relato da saída do povo do Egito, vamos lembrar que, após a última praga que veio sobre o povo egípcio, os israelitas foram orientados a pedir a seus vizinhos objetos de prata e de ouro (Ex 11:1-3 e 12:33-36). “O Senhor concedeu ao povo egípcio uma disposição favorável, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios.”
Quando um plano é de Deus, os recursos para sua execução também serão providos por Deus. Entendo que a igreja de Cristo é plano de Deus, e que os recursos para que ela seja estabelecida e funcione vieram e continuarão a vir do próprio Deus. Então refletimos: de onde trouxemos os recursos que vamos aplicar na obra do Senhor? Do Egito? Costumamos relacionar o Egito à velha vida, e dizemos que fomos resgatados do Egito – do pecado – para viver para Cristo. Mas nem tudo em nossa velha vida era escravidão. O Senhor, que nos conhece desde o ventre materno, e que sabia desde então que seríamos dele, nos permitiu acumular bens ainda no Egito. Acumulamos conhecimentos, talentos, tivemos um caráter formado – antes mesmo de conhecermos o evangelho. Deus não nos manda jogar fora os talentos e habilidades que tínhamos antes de vir a Cristo, mas Ele nos chama a consagrá-los – todos os que se dispuserem no coração!
É nossa alma, nosso homem interior, construído ao longo de nossa vida, que Deus pode usar. Jogamos fora todo o pecado, mas não nossa identidade. O que somos é a matéria-prima que Deus pode trabalhar. Ouro, prata e cobre, pedras preciosas, representam coisas não perecíveis, cuja substância o fogo não queima – talentos e habilidades preciosos desenvolvidos em nossa vida. Os fios tecidos representam as mais simples habilidades de uma pessoa, mas que podem igualmente serem utilizadas na realização do projeto maior de Deus: a Igreja de Cristo. Enfim, seus talentos para falar, escrever, representar, cantar, tocar, bordar, pintar, desenhar, trabalhar com computadores ou seja lá o que for, são materiais que Deus pode e quer usar para construir não apenas sua vida, mas também a igreja de Cristo. Basta você consagrar esses dons: “Todos os que se dispuseram trouxeram ofertas voluntárias” (v. 29).
Agora, depois de juntar os materiais, viria a fase da execução. Uma obra como aquela era grande demais para uma pessoa ou duas sozinhas, mas seria possível para um grupo unido. Lembremos que eles estavam confinados no deserto, e dependiam uns dos outros. Quando se atravessa um deserto em grupo, é necessário haver unidade de objetivos. No deserto não há espaço para vários rumos, ou todos podem ser perder: é preciso permanecer num mesmo propósito. Assim deve ser com a igreja de Cristo: unidade de pensamento e de propósitos em meio ao deserto desta vida, para que juntos alcancemos o propósito maior de Deus para seu povo.
Em Êxodo 35:30, Deus informa a Moisés que tinha alguém escolhido para esse trabalho especial: Bezalel. A esse Deus tinha enchido do Espírito de Deus, dando-lhe destreza, habilidade e plena capacidade artística ( v. 31). Uma obra sobrenatural pede capacitação sobrenatural. Os talentos naturais são combinados com o sobrenatural, a mão de Deus capacitando. Não vai ser na confiança da carne que vamos realizar as obras de Deus, embora nossos talentos naturais tenham sido consagrados. Se alguém deseja desempenhar alguma tarefa no corpo de Cristo, desde o mais simples trabalho até a maior liderança entre o povo de Deus, deve buscar constantemente a unção e direção do Espírito do Senhor, consagrando seu talento natural mas dependendo totalmente da unção de Deus.
Observemos, finalmente, que Bezalel e seu companheiro, Aoliabe, foram capacitados não apenas para “desenhar, executar trabalhos em ouro, prata e bronze, lapidar pedras e entalhar madeira para todo tipo de obra artesanal”. Deus concedeu a eles “a habilidade de ensinar os outros” (v. 34). Era uma obra grande demais para ser feita apenas pelos talentosos. Eles receberam a incumbência e a capacitação especial de passar adiante seu conhecimento.
O edifício a ser construído hoje é a Igreja de Cristo, é a maior obra de Deus sobre a terra, muito maior e mais gloriosa que o tabernáculo ou o templo. Para essa construção estão sendo convocados todos os que se dispuserem, todos os que se oferecerem – para trazerem suas vidas e capacidades como ofertas vivas que farão parte do edifício.
Observemos que crianças não contribuíram nem trabalharam, apenas adultos. A única exigência para que você contribua na construção dessa obra de Deus, é que seja um crente maduro – crentes infantis não trabalham!
Os recursos que trazemos são aqueles que possuímos: nosso espólio do Egito. Nossos talentos, formação, capacitações que adquirimos na vida. São os meios que Deus vai usar.
O grande projetista e executor da igreja de Cristo é o Espírito Santo – Bezalel é tipo do Espírito Santo de Deus. Ele ensina, Ele capacita.
Todo aquele que é capaz se oferece. Alguns fazem obras mais simples, como tecer os fios. Outros fazem obras mais complexas, bordam, entalham.
Os líderes têm maior responsabilidade: observamos que foram os líderes que trouxeram as pedras para o peitoral – símbolo da autoridade concedida às 12 tribos, e que seriam usadas na tomada de decisões pelo sumo-sacerdote. Trouxeram também o azeite e especiarias para o candelabro, para o incenso e para a unção – símbolo do óleo do Espírito. Aqueles que são chamados para a liderança na igreja de Cristo têm a responsabilidade de iluminar, dirigir, orientar, ensinar. A responsabilidade cresce conforme a maturidade e a posição no corpo, mas todos têm sua parte.
O que você tem a ver com tudo isso? O que você pode trazer para a execução da obra do Senhor? Que parte tem você nessa execução? O que Deus espera de você? Não há meio termo: para fazer parte é preciso fazer a entrega, a consagração. Não fique de fora!
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